O quarto e a cama
lençóis de linho
e silêncio de cal
fotogramas
estilhaços do céu
toda a via láctea
onde contava sonhos
e nódulos
da madeira de pinho
que faziam ora de estrelas
ora de lobos
no coração desta galáxia
onde um repentino
estertor da porta pintada
a tinta de água
fazia de represa
de toda a angústia
na iminência
da declaração de guerra
aberta
pela censura das tuas mãos
sempre delicadas
onde germinavam frágeis
as flores
de tantos pensamentos
numa pétala
num fugaz aroma
vencia-se a distância
e podia ganhar-se a paz
ou crepitar
o fogo no inverno
quando alastrando no peito
tinhas a medida
do mundo todo
que cabia numa só palavra
trânsfuga dos teus lábios
onde adormecia
e por vezes era a gota
rumor de um sonho
que extravasava.
Lisboa, 13 de Maio de 2013
Carlos Vieira
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