o hábil insecto
anula as diferenças e preenche o hiato
liberta o perfume da flor
no ritual do pólen
o insecto estupefacto desvenda o mistério
saboreia o néctar
pousado na pétala
o breve insecto devora a solidão
e tece a inútil filigrana
insecto de asas abertas
despede-se da corola
e aguarda em silêncio a brisa favorável
coerente no gesto
debate-se sinistra a sombra presa nas tenazes
vibram as antenas do insecto
laborioso vai recortando o caule
o brilho e a ambição da seiva verde
transforma em presa o insecto
insecto de coragem
ergue-se nas patas traseiras
e declama poesia numa língua estranha
Lisboa, 18 de Fevereiro de 2013
Carlos Vieira
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