Tom Jobim: "São as águas de março fechando o verão, é
promessa de vida no meu coração".
uma litania de frágua
dentro de nós
um canto de pedra
de folhas que caiem
e de musgo eterno
e de trevas e de fome
uma voz rouca
um sonho a pão e água
a decência
no clamor da razão
e da demência soterrada
o silvo das lâminas de vento
ávidas
do norte magnético do futuro
o dardejar cego das adagas
espreita sobre o muro do tempo
deste ninho de águia
sei agora as garras e
o olhar
que libertam sobre o abismo
o pensamento
em que volto a escutar em silêncio
o raiar de outro amanhecer
um beijo da brisa
na minha mão aberta
e aprendi a voar e perdi o medo
e oiço este estampido
que antecede o homem que cai
que se sucede ao estrépito
de poder mudar o mundo
Lisboa, 23 de Setembro de 2012
Carlos Vieira
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