Fiquei ali mergulhado na atenção que
as cintilações de licra e de pele me despertaram sobre o espelho de água. Perseguia-a,
naquela esteira de espuma, a sintonia perfeita do seu “crawl” , a touca azul, de
onde despontavam breves madeixas do cabelo loiro.
Antevia que seriam verdes os seus
olhos, escondidos por detrás dos óculos de natação e esperei que abandonasse a
piscina, deusa esbelta escorrendo água.
Talvez se secasse à minha frente,
podia devolver-lhe a toalha, que ela deixaria cair intencionalmente.
Até que oiço uma voz feminina um
pouco ríspida, que me diz “Peço desculpa, mas esta é a minha mesa e o meu café!”
Eu quase me engasgo com o prosaico
croissant misto, balbucio algumas palavras de justificação, atordoado com a
visão que me atravessou o pequeno-almoço.
Lisboa, 29 de Setembro de 2012
Carlos Vieira
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