sábado, 17 de março de 2012

Longe da vista oiço-te o coração


Escuto

no vértice

do desejo

o mel

vórtice

de um beijo

espreito

na aresta

e nada vejo

apalpo

o teu perfil

de concha

efémero

refúgio

do sol

e de mar

na festa febril

do colo

da memória

oiço-te o coração

meu perímetro

de fogo

e de vento

pressinto

no grito

teu perfume

que exala

tropel de cavalos

despertando

no meu espírito

o hino

do teu corpo nu

suado

e inacessível

a pista

onde te sigo

a fugir de mim

se pudesse

pelo menos

o sossego

de calar tua voz

na solidão

deste poema

onde algures te perdi

e fiquei cego



Lisboa, 17 de Março de 2012

Carlos Vieira



“Lady Godiva”  de John Collier




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