Nuvens de espanto dormindo sobre a fraga
cabeleiras de
aguarela verde
manchadas de tordos
de azeitonas
e de sonhos
transidos de líquenes
e de musgo
neles corre o divino
óleo
que o homem destilou
do labirinto do tempo
onde perdidos andámos
de candeia acesa
que arde no espesso sangue dos avós
e tece o fio de luz
que iluminará o sabor
da noite
ou a deslumbrante
serenidade dos peixe
no abismo da vida
e na textura e
relento das palavras
que por vezes habitam a minha boca
invocando a verdade e
a paz
e o fio de azeite
que caminha por cima das águas
levantando nuvens de espanto
ou quanto muito
frágeis flores de
oliveira
num silêncio rouco
que nos cresce na
fraga do peito
Lisboa, 13 de Março de 2012
Carlos Vieira
"Olive tree" Melissa Imossi
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