sexta-feira, 25 de março de 2016

Romãs


I
sonho
o corar das romãs
nas mãos da minha avó
ardendo sobre o papel pardo
sobrevoando a balança decimal
II
sonho
uma romã nas mãos
da minha mãe
no paraíso do quintal
ao fundo precário
um equilibrio horizontal
o azul do céu
e o verde do pinhal
III
sonho
a romã e o pecado
a pintarem de sofreguidão
os teus macios lábios
rubros e insaciáveis
e tuas mãos
desesperadas.
Lisboa, 26 de Fevereiro de 2016
Carlos Vieira


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