quarta-feira, 25 de março de 2015

Pássaros sem explicação



Reabre a ferida
ave exangue
que abre 
em leque
a cauda primaveril
deixa um rasto
de sangue
no itinerário
de fuga
da solidão.

Bate as asas
preparasse 
para outros voos
nas plumas
acendem-se reflexos
de uma nova
madrugada.

Dormem
as aves pernaltas
sobre um pé
e fazem-lhe o ninho
debaixo de asa
reféns
de um precário
equilíbrio.

No seu canto 
noctívago
perpassa
o estrépido 
da insónia
a rodeá-las
o incêndio
de um lago.

Voa
por entre 
as nuvens
e o espanto 
das estrelas.

Penas
são reticências
que pairam
depois do sopro 
na ênfase de um beijo
sobre a ausência
do teu rosto.

Lisboa, 24 de Março de 2015

Carlos Vieira

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