terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Tempo de dissónias e dormências


O galo cantou
às quatro da madrugada
da hora antiga
por simpatia
ou por acordo tácito
outros tantos cantaram.
De resto
nada mudou
nas madrugadas
que cantam
e nas que ficam
em silêncio.
Rezam as estatísticas
que se verifica
a subida em flecha
do consumo
de Valium ou melatonina.
Constata-se
que cada vez mais gente
sofre de insónias
e outras perturbações
do sono.
Durante o dia
cruzamos
com muitos sonolentos
e os sonâmbulos
e gente que nunca dorme.
A toda a hora
na cidade irrompe
a inclemência
dos despertadores e alarmes
esses galos mecânicos.
Vive-se por turnos
e horas extraordinárias!
A disponibilidade
e as condições
para o sonho
sofreram drástico
retrocesso.
A população de galos
acompanhou
aquele declínio
e de galo
cada vez menos
há quem cante.
Lisboa, 15 de Fevereiro de 2015
Carlos Vieira


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