Ali
para os lados
da Mira de Aire
nuvens de chumbo
entre mim e ti
a céu aberto
o amarelo torrado
do calcário
antecede a noite
o rio Lena
serpenteia
numa demência
ou ciúme
ou juventude
tardia
eu como tangerinas
sentado no mocho
do quintal
o castelo
de Porto de Mós
derrama
suas duas torres
de verdete
na paisagem
e tu regressas
aos contos
cor-de-rosa
no giz
na ardósia
acendo sonhos
hieróglifos
para ti
a preto e branco
ecoa na praça
solar
o teu primeiro beijo
apedrejado
no pelourinho
desse tempos
meu padrão
de descobrimento
e nos arredores
a arengar
as rolas
nos pinhais
e as velhas
nos portais
testemunhas
pouco credíveis
intriguista
da história.
Porto de Mós, 20 de Fevereiro de 2015
Carlos Vieira
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