quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Teatro de sombras



No fio 
na horizontal
eram apenas molas de plástico 
multicores
reconheci depois
as tuas mãos ao alto
por detrás da roupa húmida
que estendias
o teu rosto esquálido
e que sempre se esconde
adivinho 
o tremeluzir do teu olhar 
o vai e vêm da tua dança ao longo
da corda bamba
voltámos a ser involuntários
intérpretes do frio
do absurdo
silhuetas atentas no vazio
confinados às marquises do mundo 
articulamos
inadvertidamente
o esgar e o gesto e as palavras
dos bonifrates solares
que faziam sentido
e que ficaram
por dizer.

Lisboa, 11 de Fevereiro de 2015

Carlos Vieira

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