sábado, 17 de janeiro de 2015

Título


Títulos
não são
o meu forte
é por vezes
uma tortura
procurá-los
e prender neles
o poema
poder
de síntese
títulos
que sejam
a senha
e recado
apelo inicial
o ponto de partida
a semente
que se reiventa
no seu rumo
erecta
a caminho do sol
palavra que bate
as asas ao longe
no horizonte
e que encurta
as distâncias
ou adensa
o mistério
que nos permite
o encantamento
e o silêncio
um título
é como o fruto
maduro
pendurado
na árvore
que existia
e assinalava
o pecado
no princípio
do tempo
ancoradouro
de versos
o teu nome
que deflagra
de desejo
a assomar
os lábios
e me devolve
a memória
uma identidade
saber nomear
o que amamos

proscrito
título
por cima
do escrito
passaporte
para a liberdade
Lisboa, 17 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira


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