quarta-feira, 10 de julho de 2013

O regresso à minha terra



Povoações esquecidas
e uma ânsia de olhares
por outras vidas.

Os nossos semelhantes
com seus rostos maravilhosos
tisnados
suas rugas de agora
são os silêncios e as dúvidas
de dantes.

Humildes
de tanto lavrar desencantos
de entretecer delicados
crepúsculos e memórias
e ainda, recantos surpreendentes
para o reencontro dos lábios
cântaros de água fresca
que repousaram
à sombra da memória
de onde ladram os cães.

Enquanto isso sigo
sozinho
com as mão nos bolsos
pela rua única
olha o perigo
a multidão silente
de tanta gente só
por um postigo
vou até à sua noite
chama-me aquele perigo
da solidão de cada um
a beber um copo.

Ombro a ombro
cá dentro reinvento
o cinzel e o espaço
para cada um
e em cada rosto
um tempo
com um pouco de sorte
o golpe em que a todos reconheço
depois a fonte da aldeia
essa ferida eterna
de onde escorre
a teia
daquela
que volta para ser
a minha solidão

Lisboa, 10 de Julho de 2013

Carlos Vieira

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