sexta-feira, 12 de julho de 2013

Não sou ninguém porque sou todo o mundo


Sou de cada interstício
o ânimo 
de todos os lugares
sei do despertar
de todas as esquinas
das ciladas tecidas
articuladas nos ângulos mortos
e estive
no suor e no sangue
na confluência de tempos
fui um golpe de asa
de onde partiu
o início da ponte
debaixo da qual
correram as águas mais turvas
e os segredos mais inocentes
suportando sonhos largos
assombrados
por vinganças
e vigiados
pela melancolia
das tardes de Verão
pelas palavras
despojadas
no rumor
da cal mediterrânica
não me reconheces
mas sou eu ninguém
que descanso
por fim
no rumo feliz 
das tuas omoplatas
e aí sou o mundo todo.

Lisboa, 12 de Julho de 2013
Carlos Vieira

Imagem de autor desconhecido


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