segunda-feira, 10 de junho de 2013

Memória a preto e branco


 
 

Reuni todo o material:

 

O silêncio expectante e macio

do pincel

os pigmentos da prata

e o rumor das faias

os reflexos do sol de alabastro

de uma materna ânfora

a memória fresca

nas manhãs dos domingos de Junho

depois da missa

ia sem sombra de pecado

aprender a nadar para o açude

e mergulhar a alma purificada

no rio

onde ainda meninos

espreitavamos todos os perigos

voltei-me de novo

para o cavalete

e entretanto tinham secado as tintas

enquanto me deixava

ir com as correntes

esquecendo a algazarra das cores.

 

Lisboa, 10 de Junho de 2013

Carlos Vieira

 


Image of the “topwalls.net”

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário