sábado, 8 de junho de 2013

Em busca de um algoritmo perdido




Em busca do algoritmo perdido

Nunca tive grande competência 
Para números
Esta manhã acordei
Estremunhado
Às voltas com um algoritmo
Que me poderá mudar 
O rumo da vida
E já agora mudar o mundo
Tal como o conhecemos
A partir daqui
Se as contas no final 
Baterem certo
Todas as actuais projecções estatísticas
terão que ser corrigidas 
E muito daquilo 
Que se considerava errado ontem
Fará parte da perfeição 
Do amanhã
É um exercício que se apoderou de mim
As pessoas passam por mim
Ou na minha insónia
E eu ali vou
Ruminando a próxima operação
E o coração suspenso
Se conseguir
As palavras terão outro peso
O silêncio
Outra leveza
Resolvo as equações mais complexas
E envolvo-me 
Em progressão aritmética
Ultrapassando de forma sustentada
Todos os limites
Conheço o infinito
Destroço o horizonte mais próximo
Visitando a morte
Mantenho-a à distância
Sigo linhas de raciocínio
E sei que devo encontrar o equilíbrio
Algures na confluência
De uma linha de água
Da validação do perímetro
Deste sonho
Eliminar a redundância
No desespero da perspectiva 
Viajar entre a razão
E a perplexidade
Até ao centro da Terra
Olho fixamente
Para o mistério dos frutos
Numa súbita hipnose
De pêndulo
Resolvo o efeito multiplicador
Do sono
Que por fim nos transporta
À densidade da esperança
Ao ruído luminoso
Do Big Bang
Tecido da poeira galáctica
Breve diálogo
De paz entre planetas
Dos parâmetros
Da gravidade libertados
A caminho da beleza única
De um número ímpar
A todos acessível


Lisboa, 8  de Junho de 2013
Carlos Vieira


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