I
Foi
na noite
que estava
escura
como breu
que deu
à luz
o filho das trevas.
II
A noite
estava dura
a vida
não o estava
menos
um estâmpido
após o clarão
pôs fim
às duas.
III
A noite
estava de breu
e a morte
era redundante
a acesa
discussão
não trouxe
mais luz.
IV
De tanto
a nomear
pode ser
que o fira
de morte
nas trevas
com golpes
de luz.
V
Subitamente
um relâmpago
iluminou
seu rosto
foi como
se iluminasse
a selva inteira.
VI
No breu
da noite
esconde-se
a vida
obscura
no esconso
do tempo
há espectros
de morte
ensaiam
danças
macabras.
VII
No breu
escuro
da noite
um beijo
de morte
partam pois
os dois
deixem-nos
em paz.
VIII
O escuro
da noite
estava
de breu
estava
a noite
escura
deu uma
cabeçada
que até viu
estrelas.
IX
De tanto
lhe bater
pode ser
que haja
fogo
que faça
faísca
que haja
chama
e evidência
para o prender
por violência
doméstica.
X
Estremunhado
por tanto
Inferno
vou tacteando
o teu corpo
és tu o sol
que repousa
à minha beira.
Lisboa, 22 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira