ouço a fome ou o bosque
no rumor da flecha
imperturbável
sílaba a sílaba tudo se cala
reféns de pétalas de seda
e de esfinges
o prisma do sorriso cínico
após o sopro letal
da zarabatana
um prego de aço é uma raiz
de vergonha que se dissemina
nos muros sem rosto do país
a súplica da prece que te detêm
ferido de asa e resistes porém
à farpa sibilina da palavra
conhecem-te os genes
a efígie da moeda de troca
e por quanto se compra um escravo
na tua orelha de flor
o repto de um segredo que flutua
e a armadilha do mel
Lisboa, 20 de Outubro de 2012
Carlos Vieira