As heras
erguem-se
na sua impaciência
de sopros e de metais
de esconder os muros
de enlear
o tijolo vermelho
de insectos
a trautear clorofila
de vigiar
a demência
dos cabelos no ar.
À janela pendurado
o sorriso
do maestro cego
é um bulício de luz
que resiste
dentro da casa
a reinventar
o adeus
a decompor em ternura
doença
grades e solidão.
Suas mãos esquálidas
tem a pressa
da seiva e da música
que vai acompanhar
o bailado discreto
das violetas
pairando
sobre os répteis
e os segredo
das sebes.
Fica ali especado
na penumbra
do fim de festa
natureza quase morta
quase incólume
à passagem
do tempo
que lhe resta
assiste
a este desconcerto
do mundo
aos ruídos familiares
de arrumar a orquestra.
Lisboa, 5 de Outubro de 2013
Carlos Vieira
“O Amor Cego” autor desconhecido
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