Por vezes regresso
a esses locais
para onde nos convoca
a insónia
e o desconhecimento
dos mortos
esses heróicos vencedores
de todos os espelhos
onde resistem cicatrizes
na carne e no estanho
perdido por esses caminhos
que nos levam
de novo
aos campos de batalha
que não nos pertenciam
e no entanto
dali saímos vexados
estropiados por vezes
arrastando a derrota das ideias
de uma outra humanidade
vergados à ignomínia
campos de batalha
onde regressamos
apenas para abraçar
esses antepassados da morte inútil
fantasmas das nossas vidas
que erram sonâmbulos
pelas nossas casas vazias de sonhos
tão semelhantes
na nossa condição
ao aproximar-nos apagam-se
e ainda se ouvem murmurar
que não podemos continuar a viver
morrendo em vão
durante o sono.
Lisboa, 13 de Julho de 2013
Carlos Vieira