domingo, 28 de fevereiro de 2016
Por um fio
Sento-me na sinuosa
muralha da marginal
sucede-se um e outro
automóvel tardio
a resfolegar na noite
a soletrar o vazio
e o círculo vegetal
do alucinado farol
o marulhar das ondas
a lua é isco no anzol
um imperceptível rumor
na bóia sob a espuma
da solidão no infinito
bailado de um robalo
triste atraiçoado
no diáfono interlúdio
do quarto crescente
de um dividido coração
que o fio de linha ténue
pendura num simulacro
a que chamam vida
ou teatro de fantoches.
LISBOA, 25 de Janeiro de 2016
Carlos Vieira
Imagem de autor desconhecido
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