quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Três árvores pela manhã




Nos caixilhos da janela
a manhã
é um pinheiro polar
esquartejado
a destilar
reflexos antigos de prata
e a percutir  
filigranas de ouro
contemporâneas
apenas lágrimas
talvez de chuva.

A manhã
é a nobreza dura e nua
que sai da cama
estremunhada
ferindo as nuvens
faia perturbada.

A manhã
é uma cipreste
sobre a esquerda baixa
essa árvore de explicar horizontes
que melhor podem esconder
a conspiração dos pássaros.

Três árvores
para fazer um jardim de Inverno
a quase floresta
onde corre a seiva secreta
e renasce o fruto
dessa manhã
janela dos homens
da sua existência vegetal
que na raíz
do nocturno percurso
teimam em acreditar.

Lisboa, 9 de Janeiro de 2013
Carlos Vieira



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