Ali estás
a tua pontiaguda
verticalidade
a coberto de um véu
de névoa
e um sol
a resfolegar
pousado no cume
da solidão
que escorre
pelos flancos
da tristeza
desce
um manto
de bruma
que o deixa
seminu
entregue
a si mesmo
na horizontal
o mau tempo
e o canal
eu e tu
aqui estamos
de novo
frente a frente
equidistantes
companheiros
em separadas ilhas
de alegria contida
com tantas viagens
por contar
e tanta despedida
e silêncios cúmplices
de permeio
nas entranhas
um grito
prestes a irromper
um vulcão interior
voz de negada misericórdia
a que se junta
à daqueles
que escalam
o alto pico da justiça
por fazer.
S. Jorge, 2 de Agosto de 2015
Carlos Vieira