sábado, 23 de agosto de 2014

Poema para peixes de água-doce



hoje
fui junto do salgueiro
e preguei aos peixes 
que se acotovelavam
naquele braço de rio
como se fossem palavras
na urgência
de um poema
depois
fomo-nos todos embora
de barbatanas e mãos
a abanar

Lisboa, 22 de Agosto de 2014
Carlos Vieira

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

nestes últimos dias...

neste último dias tenho
andado às voltas
com as pedras e os pássaros
que tem apenas de comum o voo
o ninho da poesia
e uma culpa de infância
que carrego

Lisboa, 22 de Agosto de 2014
Carlos Vieira


A propósito do teu sorriso



Na tua mão a pedra 
era uma ave pronta para partir
agora a ave 
é mão pousada 
da mãe
sobre a  pedra levantada
que grita 
a tua eternidade
e faz perdurar nos teu lábios
o esfíngico sorriso
que venceu a morte
e que agora ela aviva 
semanalmente
naquela foto a preto e branco
tenho a leve a impressão
que lhe parece ouvir
um rumor 
o sopro
da ave da imortalidade
que a ela a faz renascer.

Lisboa, 22 de Agosto de 2014
Carlos Vieira

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Uma pedra...

uma pedra 
sobrevoa o lago
o teu coração
um pássaro de fogo
o canto extinto
de um vulcão

Lisboa, 21 de Agosto de 2014

Carlos Vieira

a pedra e o nada

a pedra e o nada
são tudo
neste poema
pegada inscrita
no pó 
deste caminho virtual

Lisboa, 21 de Agosto de 2014
carlos Vieira

Teu corpo intemporal minha viagem interrompida


O tempo
é a sombra do teu beijo
que rodopia
na pedra do espanto
é o mistério
e o lamento
da sua ausência
sobre o musgo macio
o realejo
do teu sexo
de onde brota um rio
alucinado
de onde submerge
o ponteiro
se ergue um mastro
que na voragem
do relógio solar
do teu corpo
vão assinalar
a viagem
e a eternidade
sobranceira
do alabastro
do teu seio.

Lisboa, 21 de Agosto de 2014
Carlos Vieira


                                                   “Le sein d’Amaranthe de Yvan Lemeur


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

em busca do desconhecido e do sublime

em busca do desconhecido e do sublime
menosprezamos a nossa autenticidade
sublimamos a vulgaridade

Lisboa, 20 de Agosto de 2014
Carlos Vieira