tu és uma única papoila
o fogo efémero
és o sangue que tece a flor
silêncio que te adormece
resistes à última brisa
do nosso Inverno
ergue-te o veneno em aceso rubor
o teu aceno romântico das causas
nas casas um grito encurralado
corre agora flor vermelha pelo prado verde
se o meu olhar é só para ti
rainha sem reino porque danças?
por quem?
no meio da seara
balança a tua haste frágil
a tua voz rouca
destilas o ópio
a coroa de um abismo de silêncio
na tua corola
na minha boca a pétala desfeita
breve alusão a sexo
uma inevitável sofreguidão
sigo por aquele caminho rural
onde cresci e procuro
o reencontro do teu beijo traiçoeiro
Lisboa, 15 de Março de 2014
Carlos Vieira