Foste tu
pela manhã
nos teus lábios
o poema que escrevi
ave que contorna inebriada
a planície em chamas
e que sabe de olhos fechados
onde falta extinguir
os nós da solidão
a inquieta tristeza
da ausência
povoamos o silêncio
de esquissos de palavras
como se fossem animais em fuga
pelo rumor
que o desespero
dos nossos corpos a enlouquecer
fazem temer
os meus dedos
acendem em ti ao passar
demónios esquecidos
e no teu olhar
paisagens nunca vistas
e que nem ouvi falar
levas-me contigo
a mergulhar nesse abismo
que há dentro de ti
nesse jardim
onde a tua sofreguidão
alimenta do omnipresente
perfume
dos meus monstros formidáveis
inacreditáveis fantasia.
Lisboa, 1 de Março de 2014
Carlos Vieira
"Eros e Psiquê, do seu amor nasceu Volúpia"