Mulher relâmpago
que cruzas meu dia de água
de aves e vozes cristalinas
e acendes
pérolas nas árvores
como crianças luminosas
à chuva
a tamborilar
em barrigas de vento
peixes e trovoadas breves
nas nuvens do medo
do olhar de colher o sol
e acalmar a fome
mulher relâmpago
de plantar raízes incandescentes
no céu para sonhar
pássaros subterrâneos
inconformados
teus dedos
rasgando o lençol de água
na tempestade interior
a solidão do pêndulo
nunca resignada
de parir um raio
e um outro mundo
Lisboa, 9 de Março de 2013
Carlos Vieira
“Mulher relâmpago” Escultura
de Paige Bradley