Natureza morta
Tão prosaico
é o cesto de vime
conto
pousado na erva
numa nudez entrançada
de mãos ásperas
gaiola improvisada
de onde se soltam
atordoadas as aves da
manhã
vais de braço dado
com a neblina
vai ao mercado
negociar
aromas de bosques
gorjeios
sortilégios de
pomares
desatam-se no ar
irrompe a frescura
audaz das flores
no cesto de vime
da nudez entrançada
pelo conto
de delicadas mãos
gaiola improvisada
de onda se soltam as
aves
um desejo impaciente
crepuscular.
Lisboa,3 de Março de
2013
Carlos Vieira
“Unknown garden bike”
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