domingo, 3 de março de 2013

Natureza morta


Natureza morta


Tão prosaico

é o cesto de vime

conto

pousado na erva

numa nudez entrançada

de mãos ásperas

gaiola improvisada

de onde se soltam

atordoadas as aves da manhã

vais de braço dado

com a neblina

vai ao mercado

negociar

aromas de bosques

gorjeios

sortilégios de pomares

desatam-se no ar

irrompe a frescura audaz das flores

no cesto de vime

da nudez entrançada

pelo conto

de delicadas mãos

gaiola improvisada

de onda se soltam as aves

um desejo impaciente

 crepuscular.


Lisboa,3 de Março de 2013

Carlos Vieira



“Unknown garden bike”

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