terça-feira, 5 de março de 2013

A importância do beijo na evolução das espécies



Muito embora
a minha aparente frieza
permaneceram
as asas e as penas
de um romântico
do século passado
ou talvez até mais atrasado
uma bucólica firmeza
do “Rouxinol” de Bernardim
sobrevive em mim
à beira rio
e ao fim da tarde
saboreamos um gim
em nós
nada há de novo
a tua mão elegante
sobre o Bugio
apontando a foz
vai pousar
a seguir
sobre a minha
aparentemente distraída
e neste momento
pouco científico
das leis da atração
foi-se calando a tua voz
na esplanada do Darwin
fico cego
voltámos à inocência
na bissetriz
de um pôr do sol
e discutimos o significado do beijo
na secular evolução
das espécies.

Lisboa, 5 de Março de 2013
Carlos Vieira

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