Não nasci ontem
sendo certo
que sempre me sinto
voltado ao contrário
na placenta da noite
no cerco da insónia
e todos os dias
a madrugada me corta
o cordão umbilical
dos sonhos
a lição da história
e me entrega
inapelavelmente
à fria manhã da realidade
todos os dias
renascendo
nos erguemos
sobre os meus
e os teus escombros
todos os dias
hei-de coar
da suavidade
dos tecidos
a luz emergente
do seu rosto
que por milagre
se anuncia
rasgando o véu
da memória
que te encerrava
nessa noite
longínqua.
Lisboa, 17 de Julho de 2015
Carlos Vieira
The Face of Humanity
Sem comentários:
Enviar um comentário