Tendo na mão esta força do vento não tenho quase nada
não tendo quase nada tudo quanto tenho é de vento
tenho contudo esta árvore que esbraceja na janela
quando nua o vento a possui varrendo o pensamento
existindo o vento em mim existo na rua dos braços dela
escutando a árvore mesmo se murmura com o vento
se fala contra mim de beijos me cala e assim se revela
um arrepio neste final de Março transido me deixa
e ali agachado de cócoras enquanto voa o tempo
naquela mão fechada num poema de amor se escoa
fica a fragância da árvore que só do vento se queixa.
Lisboa, 5 de Março de 2013
Carlos Vieira
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