robert schindel /
Morreu o meu hóspede, vejo-o ainda a descer, a descer
Pelo caminho abaixo com a
distância nos cabelos.
E de noite, quando as estrelas o
permitem, serpenteia, serpenteia
O seu eco no coração, morreu o
meu hóspede.
Um riso, um sapato, o violino de
estar aqui
Bebíamos um copo ou dormíamos
nas palavras mais novas
E havia segundos que fazíamos
explodir
Saltar da lama do tempo, para
assim o podermos entender.
Agora foi-se, o seu nome
descansa, descansa o tempo
Levanto os pés do caminho e vou
andando
Às arrecuas pelo atalho, o eco
traz-me
O longe e o perto, eu e nunca, o
hóspede-amigo do lado de lá.
Há por aqui outras paisagens?,
perguntam por vezes as crianças.
Eu parto o caminho em pedaços e
ofereço-lhes
Serpentinas, serpentinas, que
elas recebem como maçãs e papoilas.
Porque tempos houve em que
dormíamos nas palavras,
Tempos houve em que fazíamos
explodir o tempo.
robert schindel
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