Baco e Ariadne
sigo ainda sóbrio
o reflexo do eterno e leve
esplendor das uvas
o exasperar das parras
nuvens de ouro breve
depois das chuvas
harpas suspensas
pueris jogos de criança
reconheço o teu cheiro
o vinho novo a fermentar
deito à terra macia
o sonho de vindima
do teu corpo esguio
um coração esmagado
a ancestral dança do lagar
à volta da prensa
de ti e dos céus
fiquei aturdido
ou fiquei ébrio
daquilo que não bebi
Lisboa, 26 de Fevereiro de 2012
Carlos Vieira
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