nada nos une
e toda a dor
vos separa
uns sofrem
de dor de cotovelo
outros de dor de alma
corres desesperadamente
e és acometido
pela dor de burro
foste à consulta da dor
querendo
ir à da alegria
quanto à dor de corno
convém passar
ao largo
parto sem dor
parto sem dor
uns chegam outros vão
de dor em dor
vou visitando
os patamares da vida
dor persistente
que se torna aguda
e a seguir dor-mente
as dores dos outros
são também as nossas
onde nos dói mais
depois deste vale de lágrimas
deste muro de lamentações
estou anestesiado
que a dor e o medo
não nos vençam na coragem
de sermos justos
Lisboa, 7 de Abril de 2014
Carlos Vieira