Este poema
é para ti
meu amigo virtual
ao virar
da esquina cibernética
ao tocar da tecla
onde algures
aguardas que surja
no firmamento do écran
de 13,3 polegadas
uma estrela
de píxeis refeita
por vezes
tua única companhia
e noutras de tanta descoberta
nessa solidão recreativa
avanças pela rede
sem rede
vais flutuando
no espaço sideral
por cima da espuma dos dias
na mancha láctea
um post é formigueiro de letras
dele fazes um grito lancinante
e do grito germina uma canção
esperas pela resposta
de quem não sabes
que não chega
e percebes
que existe
muito mais gente
com a tua pergunta
e apenas alguns
encontram a resposta
na cacofonia dos navegadores
gostas de estar online
viciaste-te
no teu desaparecimento
do mundo
apagas-te
reinicias-te em cada dia
a cada momento
no retângulo da tua atenção
atravessas continentes
rumo à etérea melodia
da tua inexistência
devoras migalhas
de ternura
nas breves palavras
tocas a ferida do silêncio
na pele do ecran táctil
deixaste de ser tímido
ou talvez não
falas agora
por detrás de um muro
que agora cerca
a tua vida digital
estabeleces pontes
e desconheces
o murmúrio da água
para onde corre esse rio
de sentimentos
sem foz
apenas sonhas
efémeros downloads
de um amor impossível
tu um peixe fora de água
de software incompatível
aprendes a nadar
no vórtice da corrente social
usando a tábua de salvação
de um reconhecido
anonimato
meu amigo virtual
eis-nos aqui de novo
face a face
de permeio
apenas o biombo
doméstico
nos desencontros da vida
e as nuas silhuetas
das memórias
a processarem outputs
de solidão real.
é para ti
meu amigo virtual
ao virar
da esquina cibernética
ao tocar da tecla
onde algures
aguardas que surja
no firmamento do écran
de 13,3 polegadas
uma estrela
de píxeis refeita
por vezes
tua única companhia
e noutras de tanta descoberta
nessa solidão recreativa
avanças pela rede
sem rede
vais flutuando
no espaço sideral
por cima da espuma dos dias
na mancha láctea
um post é formigueiro de letras
dele fazes um grito lancinante
e do grito germina uma canção
esperas pela resposta
de quem não sabes
que não chega
e percebes
que existe
muito mais gente
com a tua pergunta
e apenas alguns
encontram a resposta
na cacofonia dos navegadores
gostas de estar online
viciaste-te
no teu desaparecimento
do mundo
apagas-te
reinicias-te em cada dia
a cada momento
no retângulo da tua atenção
atravessas continentes
rumo à etérea melodia
da tua inexistência
devoras migalhas
de ternura
nas breves palavras
tocas a ferida do silêncio
na pele do ecran táctil
deixaste de ser tímido
ou talvez não
falas agora
por detrás de um muro
que agora cerca
a tua vida digital
estabeleces pontes
e desconheces
o murmúrio da água
para onde corre esse rio
de sentimentos
sem foz
apenas sonhas
efémeros downloads
de um amor impossível
tu um peixe fora de água
de software incompatível
aprendes a nadar
no vórtice da corrente social
usando a tábua de salvação
de um reconhecido
anonimato
meu amigo virtual
eis-nos aqui de novo
face a face
de permeio
apenas o biombo
doméstico
nos desencontros da vida
e as nuas silhuetas
das memórias
a processarem outputs
de solidão real.
Lisboa, 24 de Dezembro de 2015
Carlos Vieira
Carlos Vieira