vento
do fim de Maio
traz ao teu frágil pulmão
um corropio de papoilas
o miar dos gatos
alergias
coisa simples
em Maio
teu pulmão
e o vento meu irmão
a brincar
com a frágil papoila
agora tosse
solta-se a espectoração
pequenas complicações
foi em Maio
o teu pulmão na berma
da estrada dura
a asma
depois da gargalhada
a partitura da tosse
início da crise
incidentes de menor
importância
em Maio
por causa do pólen
e das aves
a poesia ganha cor
perde pulmão
até as papoilas
erguem gritos efémeros
simulacros de dor
onde transparece o ópio
para grandes males
grandes remédios
e efeitos secundários
Lisboa, 16 de Maio de 2014
Carlos Vieira