Sigo, eu sozinho, ao cair da tarde, não existe um único automóvel, na fita de asfalto que á minha frente serpenteia. Sigo a uma velocidade moderada, de forma a que a planície alentejana me envolva. Não posso parar na auto-estrada, nem tenho o tempo que gostaría, para percorrer este extenso desabrochar e usufruir o intenso aroma da primavera luxuriante. Na rádio a acompanhar surge por acidente "return to forever" e eu deixo-me levar e, por pouco tempo, sinto-me na minha imensa irrelevância, o condutor de Van Gogh em Arles.
Ourique, 21 de Março de 2014
Carlos Vieira