Mulher puzzle
Insinua-se
paralela e assimétrica
e pura
Observa-me
demoradamente
a olho nu
No verso
soergue-se exausta
rima
Despe-se
à ubiquidade do desejo
louco
Emerge
e intrépida se entrega
solta
Sei-a de cor
a água da boca cresce
a sede
O olhar cega
em progressão geométrica
lenta
Penteia
permanece o aroma nos meus dedos
os cabelos
As palavras molhadas
desprendem-se dos seus lábios
aves de rapina
A tua nuca
pode ser o meu lugar de exílio
a omoplata
Atrevo-me
ao infinito ao palpar teus seios
túmidos
Abraças-me
e desisto do significado das palavras
só murmúrios.
Lisboa, 14 de Março de 2014
Carlos Vieira