domingo, 16 de fevereiro de 2014

I Know You by Henry Rollins


I Know you
you were too short
you had bad skin
you couldn't talk to them very well
words didn't seem to work
they lied when they came out of your mouth
you tried so hard to understand them
you wanted to be part of what was happening
you saw them having fun
and it seemed like such a mystery
almost magic
made you think that there was something wrong with you
you'd look in the mirror trying to find it
you thought you were ugly
and that everyone was looking at you
so you learned to invisible
to look down
to avoid conversation
the hours
days
weekends
ahhh the weekend nights,alone
where were you
in the basement?
in the attic?
in your room?
working some job?
just to have something to do
just to have a place to put yourself
just to have a way to get away from them
a chance to get away form the ones that made you feel so ill-at-ease
did you ever get invited to one of their parties
you sat and woudered if you would go or not
for hours you imagined the scenarios that might transpire
they would laugh at you
if you would know what to do
if you would have the right things on
if they would notice that you came from a different planet
did you get all brave in your thoughts?
like you were going to be able to go in there and deal with it
and have a great time
did you think that you might be the "life of the party"
that all these people were going to talk to you
and that you would find out that your were wrong
that you had a lot of friends
and that you weren't so strange after all?
did you end up going?
did they mess with you?
did they single you out?
did you find out that you were invited
because they though you were so weird
yeah,I think i know you
you spent a lot of time full of hate
a hate that was pure as sunshine
a hate that saw for miles
a hate that keet you up at night
a hate that filled you every waking moment
a hate that carried you for a long time
yes I think I know you
you couldn't figure out what they saw and the way they lived
home was not home
a corner was home
the place they wern't that was home
I Know You
you're sensitive
and you hide it because
 you fear of getting stepped on one more time
it seem that when you show part of you that is the least bit vulnerable
someone takes advantage of you
one of them steps on you
they mistake kindness for weekness,but you had to be strong 
to keep yourself alive
you know yourself very well now
and you don't trust people
you know them too well
you try to find that special person
someone you can be with
someone you can touch
someone you could talk to
someone you don't feel so strange around
and you found that they don't really exist
you feel closer to people on movie screens
yeah I Think I Know You
you spent a lot of time daydreaming
and people have made comment to that effect
telling you your self involved and self centered
but they don't know do they?
about the long nightshifts alone
about all the years of keeping yourself company
all the nights you wrapped your arms around yourslef
so you could imagine someone holding you
the hours of indecision
self-doubt
the intense depression
the blinding hate
the rage that made you stagger
the devastation of rejection
well
maybe they do know
but if they do
they sure do a good job hiding it
it astounds you how they can be so smooth
how they seem to pass through life like it's a devine gift
and it infuriates you with your apperent skill
and finding every way possible to screw things up
for you life is a long trip
terrifying and wonderful
birds sing to at night
the rain and the sun
and the changing seasons
are true friends
solitude is a hard won ally
faithful and patient
yeah I Think I Know You




Escaparates

Escaparates

I

Hoje volto
à banca dos jornais
pasto o olhar
vespertino
pelas primeiras páginas
e fixo-me
nas moedas
do tupperware
de um sem abrigo
ali ao lado
a fazer notícia.

II

O vento balança 
no estendal
dos jornais
guerra e crime
atentado
promiscuidade
desgraça e calamidade
tudo pendurado
escorre
lágrimas e sangue
e mãos sujas
não apenas
de tinta
e tilinta-me
na cabeça
"- Vai uma moedinha!"

III

Todas aquelas
notícias
e reportagens
e assuntos
estão em convivência
pacífica
não necessariamente
por aquela ordem
breves ou proverbiais
minudências
nas entrelinhas
ou em letras garrafais
por momentos
sigo as moedas
nas mãos de rugas
bem pronunciadas
da vendedora de jornais
um pequeno apontamento
das unhas
que parecem garras.

IV

Entretanto 
os transeuntes
passam 
cada vez mais
indiferentes
não sabem a letra
mas sabem 
a música
os jornais
permanecem
ali aguardando
os mansos
leitores
numa pilha
de nervos
para uns é cara
para outros
é coroa.

Lisboa, 16 de Fevereiro de 2014


Carlos Vieira

Ode à disparidade



Díspare,
enamorei-me
por esta palavra
neste tempo morno
de estranha convergência.

Foi á primeira vista
gostar da sua suavidade sensual 
quase " - Dispa-me!"
e nus ali estávamos
convergindo
quase sem nos conhecermos.

Da sua fragmentação se podem
construir outras ideias
com muita força 
divergir
como por exemplo:
"- Não dispare!"
ou essa outra
" - Não faça nenhum disparate!"

Deste potencial de sugestão
de reminiscência
fiquei refém
na defesa intransigente
de uma ideia tão igual
com objectivo
tão díspare
e tão ambivalente.

Lisboa, 16 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira

A Margarida...

A Margarida dorme como um anjo
na fria Madrid o anjo Constança 
a Matilde e a mãe foram à missa
eu aqui em casa em sossego
vivo essa experiência divina
de não estar em nenhum lado
e de andar espalhado
por toda a parte.

Lisboa, 16 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira

UM CAVALO MUITO PEQUENO



Eu criei na minha casa um pequeno cavalo. Ele galopa no meu quarto. É a minha distração.
De início, eu tinha algumas preocupações. Eu me perguntava se ele cresceria. Mas minha paciência foi recompensada. Ele tem agora mais de cinquenta e três centímetros e come e digere uma comida de adulto.
A verdadeira dificuldade vem da parte de Hélène. As mulheres não são simples. Um nada de excremento as indispõe. Desequilibra-as. Elas não são mais as mesmas.
“De um traseiro tão pequeno, eu lhe dizia, pode sair muito pouco excremento”, mas ela... Enfim, tanto pior, ela não está mais em questão agora.
O que me inquieta é outra coisa, são, em certos dias, as súbitas e estranhas transformações do meu cavalo. Em menos de uma hora, sua cabeça infla, infla, seu dorso se encurva, se arqueia, se desfia e tremula ao vento que entra pela janela.
Oh! Oh!
Eu me pergunto se ele não me engana ao se passar por um cavalo; pois mesmo pequeno, um cavalo não se desfralda como uma bandeira, não tremula ao vento mesmo que seja por alguns instantes somente.
Eu não gostaria de ter sido enganado, depois de tantos cuidados, depois de tantas noites que passei a velá-lo, defendendo-o dos ratos, dos perigos sempre próximos, e das febres da juventude.
Às vezes ele se perturba por se ver tão nanico. Ele se transtorna. Ou, atormentado pelo cio, ele dá saltos enormes por cima das cadeiras e começa a relinchar, a relinchar desesperadamente.
Os animais fêmeas da vizinhança atraem sua atenção, as cadelas, as galinhas, as mulas, as ratas. Mas é tudo. “Não, decidem elas, cada uma por si, presa ao seu instinto. Não, não sou eu que devo responder.” E até o momento nenhuma fêmea respondeu.
Meu pequeno cavalo me olha com desânimo, com furor nos dois olhos.
Mas de quem é a culpa? Minha?

Henri Michaux

Traduções: Izabela Leal

Der Tod

DER TOD

A Morte é a gélida noite,
A Vida o dia opressivo.
Escurece, tenho sono,
O dia cansou-me muito.

Onde me deito há uma árvore
Em que canta um rouxinol.
Só canta de puro amor.
Até em sonhos o escuto.


The Uses of Poetry


This was a day when I did nothing,
aside from reading the newspaper,
taking both breakfast and lunch by myself
in the kitchen, dozing after lunch
until the middle of the afternoon. Then
I read one poem by Zbigniew Herbert
in which he thanked God for the many beautiful
things in this world, in a voice so absurdly
truthful, the entire wrecked day was redeemed.


HARVEY SHAPIRO
The Sights Along the Harbor: New and Collected Poems
Wesleyan University Press