Não vás p'la noite
mansa, assim, tão complacente,
A velhice deveria
arder com raiva até ao fim do dia;
Raiva, raiva contra a luz que vai morrendo.
Dylan Thomas
Decifro
um sussurro
nos braços
da constelação
fulgente
e agora corro
talvez
atrás do timbre
da tua voz.
Observo
o relâmpago
num ápice
que ilumina
inolvidável
a tua nudez
e na demência
que se segue
de súbito
vejo
tudo a nu.
Ausculto
o teu coração
magnético
bússola
de tanto norte
e de nenhum
de tanta viagem
por fazer.
Prossegue
o relógio
biológico
e é fraca
a carne
que vai enganando
a morte
para esta mentira
de estar
quase vivo.
Chega um rio
e uma palavra
à noite
o teu olhar
que partiu
aqui estou
a viver
no outro lado
do mundo.
Esqueci-me
da senha
já não posso
entrar contigo
madrugada
a dentro
tão lúcido
e tão distante
por ti
vou continuar
por aqui
em busca da palavra
irrepetível
na noite branca.
na noite branca.
Lisboa, 13 de Outubro de 2013
Carlos Vieira