Flecha
flor de vertigem
hélice de espanto.
Alforria
do arco do tempo
na elipse de um sonho
de mão firme.
Vai seu sibilino canto
serpenteando
premente
viagem sem palavras.
Escutando
no seu murmúrio
o restolhar da memória urgente
no fim da floresta.
Ali
desferes o golpe fulminante
na maçã
de um louco amor.
Ali
tombou aniquilada
a ilusão dos pássaros
do livre pensamento.
Foi ao encontro
do esperanto da morte
agora
única expressão da liberdade.
Nessa fresta
apenas franqueada
ao eco da última palavra
que se soltou.
Na queda em espiral
reinventaste
o voo eterno
no espírito cego da flecha.
Carlos Vieira