quarta-feira, 14 de março de 2012
terça-feira, 13 de março de 2012
III – Memória de Árvores (Oliveiras)
Nuvens de espanto dormindo sobre a fraga
cabeleiras de
aguarela verde
manchadas de tordos
de azeitonas
e de sonhos
transidos de líquenes
e de musgo
neles corre o divino
óleo
que o homem destilou
do labirinto do tempo
onde perdidos andámos
de candeia acesa
que arde no espesso sangue dos avós
e tece o fio de luz
que iluminará o sabor
da noite
ou a deslumbrante
serenidade dos peixe
no abismo da vida
e na textura e
relento das palavras
que por vezes habitam a minha boca
invocando a verdade e
a paz
e o fio de azeite
que caminha por cima das águas
levantando nuvens de espanto
ou quanto muito
frágeis flores de
oliveira
num silêncio rouco
que nos cresce na
fraga do peito
Lisboa, 13 de Março de 2012
Carlos Vieira
"Olive tree" Melissa Imossi
segunda-feira, 12 de março de 2012
II - Memória de Árvores (Eucalipto)
Sede vertical sem fim e sem sombra de pássaros
árvore que cresce por dentro da febre e do papel
e sobre as tuas mãos se escreve toda a fresca seiva
na testa lisa do teu tronco esguio arde verde a utopia
no quarto do menino enfermo exulta o teu perfume
elevas bem alto o grito interior que precede o poema
se à tua volta a terra é árida é para que na tua escrita
Lisboa, 12 de Março de 2012
Carlos Vieira
“Flaming Eucalyptsus” por Eyvind Earle
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