sábado, 20 de junho de 2015

A pequena tragédia diária das palavras por dizer


Procuro
a palavra
que supere
toda ausência
o momento
em que dê voz
a toda a injustiça.
Procuro calar
aquela
que foi raiz
do desencontro
e a outra que fez
a húmida cintilação
de um olhar.
Procuro,
mas apenas
recolho fruta
apanhada do chão
só as palavras
ressequidas
gastas
e banais
me chegam
à boca.
Apenas
ao cuspir
as suas sementes
acredito
que é possível
colher
um outro amanhã
de novas palavras
que talvez
nunca conheça
e que se juntem
algures
a conspirar
uma outra crença
na humanidade.
Lisboa, 12 de Junho de 2015
Carlos Vieira

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