Podia
ser no Outono
e
descortinar-te
a
anunciares
uma
revoada de pássaros
algures
frágil
e inquieta
entre
o fumegar
das
chaminés
e
a ressonância
de
prata das oliveiras
a
partir da reentrância
da
encosta
da
última vez
partia
um
rio de lume
da
tua boca.
Devagar
aproximo-me
a
coberto
do
fogo
e
surpreendo
a
nudez diáfana
das
tuas espáduas
enquanto
crepitam
efémeras
folhas
de eucalipto
na
urgência
das
libações
e
da tua febre
entretanto
uma
tempestade
perpassa
pelo
teu rosto
acomete-me
o
temor
de
te perder.
Prostrar-me-ei
perante
a
tua humanidade
confessarei
as
minhas fragilidades
a
insensatez
da
minha volúpia
e
pusilânime
vacuidade
serei
apenas
mais
uma folha
que
cai
matéria
que
se extingue
e
tu podes ser
apenas
um perfume
que
evola
no
desprendimento
desse
voo e dessa queda
instantes
únicos
de entrega
sopro
de eternidade
o
teu nome
exangue
na
minha boca.
Lisboa, 7 de Novembro de 2013
Carlos Vieira
Pintura de Dominique Telmon
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