Não sei quantos poetas
falaram sobre o teu sorriso
não sei se eu próprio
alguma vez
sobre ele escrevi.
Sem estação
lembro-me dele
e de nenhuma
outra flor
do jardim.
Sei que
quando ele se apaga
um lento crepúsculo
irradia.
Oiço um clarim
sobre a paisagem
e dela emergem
fragmentos de filigrana
e beija-me
o carmesim
dos teus lábios.
Sei da sua permanência
no coração
em lume brando
sei que de mim
me esqueço.
O teu sorriso
sobrevoando
o mundo que anoitece
algures
entre o sândalo
e o jasmim
perfume
que não se esquece.
O teu sorriso
batendo as asas
desfolhando páginas
o epílogo
e o sem fim.
Lisboa, 23 de Novembro de 2013
Carlos Vieira
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