O bacalhau diziam-me ser da Noruega, aliás, cada posta parecia um fiorde branco, agora rodeado de um mar de azeite de Castelo Branco.
Eu era pequeno, as batatas a murro, as cebolas, os dentes de alho e os brócolos eram ilhéus, rochas e recifes, os ovos de codorniz eram bóias de sinalização, os rostos sorridentes e ali e acolá a salsa que tinha apanhado no quintal lá de casa, numa noite de chuva e de neblina e um resfriado pelo meio.
Soltava-se em lascas, o sol da meia-noite, sem espinhas, o bacalhau devia ser “com todos”.
Agora marquei falta ao pai João e ao tio Francisco e outros distraídos, certamente entretidos, a desfiar neves eternas, embevecidos de auroras boreais.
Agora cada vez mais, cada um para seu lado e cada vez menos bacalhau.
Lisboa, 14 de Novembro de 2013
Carlos Vieira
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