terça-feira, 2 de setembro de 2014

A pedra-de-toque...

A pedra-de-toque,

o diapasão

e a palavra chave,

ardem em fogo lento

procurando ouvir

a sua voz interior

e todas as outras

que se reuniram

à volta da sua vida

como se fossem

o rumor de um rio.



Lisboa, 2 de Setembro de 2014


Carlos Vieira

Era grande a paralexia...

Era grande 

a paralexia

do leitor 

que assim 

desiste

e do púlpito

do parque

deita 

ao vento

e aos patos

que se tinham

aproximado

todas 

as palavras 

do texto

que sabia

de cor.

Lisboa, 2 de Setembro de 2014


Carlos Vieira

Vivo afogado...

vivo afogado
entre a liberdade 
e o deslumbramento da cor
e a música que resulta
do encontro
da  mão
no teu ombro
estrela pousada
para vencer a noite

Lisboa, 2 de Setembro de 2014

Carlos Vieira

Entro no túnel...

entro no túnel 
do viaduto
a tua imagem
fosforescente
lateja-me
no espírito
acende-se
naquela noite
no betão
que a anónima
mão deixou
insurrecta
no graffiti

Lisboa, 2 de Setembro de 2014
Carlos Vieira




Refractar...

Refractar

no coração

este sentimento

esta paixão

por ti

e deixar que a sua luz

e o seu sal 

seja o mais puro animal

a galope nas veias

o cristal 

que no silêncio

da minha pele 

contra a tua

reinventa o fogo

te conquista o olhar

o mesmo desejo

por outro prisma

refractar.




Lisboa, 1 de Setembro de 2014
Carlos Vieira




Apresentações de Christy Lee Rogers

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O veado...

O veado 

atravessou no vau

perdi-lhe o rasto

o pasto dos líquenes

ajoelho-me

no pousio

e encosto o ouvido

no chão

no Verão

ao longe oiço o rio

e o rito

mais próximo

o rumor do cio

e da escrita

do coice

na sombra

do veado que partiu.



Lisboa, 1 de Setembro de 2014


Carlos Vieira

Ícones

ícones

esquissos de tempo

sementes onde o fogo adormeceu



Lisboa, 1 de Setembro de 2014


Carlos Vieira