Mesmo agora
ouvi na rua
o miar
de um gato
fui buscá-lo
a correr
para dentro
do poema
a seguir
ladrou
um cão
abandonado
também
lhe dei
guarida
agora cão
e gato
encontraram-se
na esquina
de um verso
e não há
palavras
que descrevam
a companhia
um escreve
outro mia
e outro ladra
os três
fazemos
poesia
dessa
de gato
sem dono
e de cadela
vadia
eu por vezes
lá arrumo
as palavras
que cada um
me pedia
poesia
a três vozes
e seis mãos.
Lisboa, 4 de Maio de 2014
Carlos Vieira