segunda-feira, 9 de abril de 2012
sábado, 7 de abril de 2012
o preço da sede
esta gota que em mim cai
é da torneira da infância
escorre e se solta a medo
nesta gota que se esvai
torna presente a distância
que faz diluir o segredo
onde gota a gota adormeço
partilham a mesma mágoa
a mesma tortura de água
da nossa sede com preço
Lisboa, 6 de Abril de 2012
Carlos Vieira
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Pensamento manso
o pensamento
é onde a erva
cresce
e o seu perfume
adormece
e desperta
o pequeno animal
um corpo
que se desfaz
de raiva surda
o pensamento
é o coelho
bravo
que foge da toca
que corre
e deflagra
um incêndio
no prado
do silêncio
Lisboa, 6 de Abril de 2012
Carlos Vieira
City sculpture
“Rabbit” Art Rock America
Oh! quand je dors
Oh ! quand je dors...
Oh ! quand je dors, viens auprès de ma couche,
Comme à Pétrarque apparaissait Laura,
Et qu'en passant ton haleine me touche... -
Soudain ma bouche
S'entr'ouvrira !
Sur mon front morne où peut-être s'achève
Un songe noir qui trop longtemps dura,
Que ton regard comme un astre se lève... -
Soudain mon rêve
Rayonnera !
Puis sur ma lèvre où voltige une flamme,
Eclair d'amour que Dieu même épura,
Pose un baiser, et d'ange deviens femme... -
Soudain mon âme
S'éveillera !
Comme à Pétrarque apparaissait Laura,
Et qu'en passant ton haleine me touche... -
Soudain ma bouche
S'entr'ouvrira !
Sur mon front morne où peut-être s'achève
Un songe noir qui trop longtemps dura,
Que ton regard comme un astre se lève... -
Soudain mon rêve
Rayonnera !
Puis sur ma lèvre où voltige une flamme,
Eclair d'amour que Dieu même épura,
Pose un baiser, et d'ange deviens femme... -
Soudain mon âme
S'éveillera !
terça-feira, 3 de abril de 2012
Das dificuldades de ser livre
Mais de vinte e quatro horas sem dormir
e tenho barcos e sonhos com as hélices presas
nos cabos do desespero
ao mesmo tempo que as cegonhas atravessam
a cidade oblíqua
e no bico transportam o musgo
de reconstruir a ternura
entretanto no labirinto dos canais e das marés
vai a liberdade ficando assoreada
e deixo-me ir na corrente
nessa resistência inútil das algas
irrompe em verde água e ironia
sobre a madrugada da ria
e o desperdício azul do sono
o progressivo declínio da esperança
as gaivotas estremunhadas
voltam ao seu ofício de devorar os barcos
cada vez menos durmo
e nessa vigília
cada vez é mais difícil reconhecer as palavras
onde respiram os homens.
Lisboa, 3 de Abril de 2012
Carlos Vieira
“São Jerónimo” de Leonardo da Vinci
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