Na sua cabeça
sobrevive o destroço
de sentimentos
e a alegria de pêssegos
sem caroço
e a alegria de pêssegos
sem caroço
enredos melodramáticos
iluminados
por centelhas de lâminas
nos becos
iluminados
por centelhas de lâminas
nos becos
teias de pensamentos
inconsequentes
e a devastação das pragas
de escaravelhos
inconsequentes
e a devastação das pragas
de escaravelhos
fora de si
apenas a luz
enviesada dos vitrais
cruzando
o desespero das orações
enviesada dos vitrais
cruzando
o desespero das orações
o frémito
das gaivotas
ávidas de despojos
das gaivotas
ávidas de despojos
rodopiam
à volta do fantasma
esquálido
a cambalear
à volta do fantasma
esquálido
a cambalear
vigiam-lhe
pacientemente
o estertor final
a máscara de dor
pacientemente
o estertor final
a máscara de dor
desconhecem
que dentro de si
não existe carne
nem sangue
que dentro de si
não existe carne
nem sangue
apenas o vazio
um silêncio
sem cor e musical
feito do labor
das linhas de água
em camas de musgo
um silêncio
sem cor e musical
feito do labor
das linhas de água
em camas de musgo
breves luminescências
raiam-lhe
no olhar deserto
vestígios de mágoa
e desamor.
raiam-lhe
no olhar deserto
vestígios de mágoa
e desamor.
Lisboa, 20 de Julho de 2016
Carlos Vieira
Carlos Vieira
Imagem de autor desconhecido